O Gordo trabalha para aquecer


A vida de um trabalhador independente nos tempos que correm não é tarefa fácil. Sim é verdade que tenho trabalho, o meu horário, de certa forma, até está bem preenchido (pelo menos trabalho não me falta). E também sou daqueles que consegue ter a possibilidade de trabalhar na área em que se formou (algo muito difícil nos dias que correm). Mas a verdade é que mesmo juntando os 3 distintos trabalhos que consigo ainda conciliar, chego à conclusão que estou a trabalhar literalmente para aquecer.


As horas semanais que tenho para realizar são até bastante preenchidas, o pagamento à hora por parte de certas empresas é minimamente aceitável (aquelas que têm alguma dignidade e entendem a nossa importância na empresa), mas há que entender também que não me basta simplesmente sair de casa e entrar na porta ao lado para iniciar o meu trabalho. É preciso fazer gastos em distintos níveis: na deslocação para os vários locais de trabalho por exemplo (onde usar o transporte público se torna impossível, não só pelo tempo de demora nas viagens, mas sobretudo pelo custo exorbitante que nos dias de hoje cobram por uma viagem); na alimentação (e eu sou daqueles que faz questão de levar a sua Marmita para o trabalho e fazer todas as refeições que tiver de fazer apenas com comida feita em casa, porque para além de saber aquilo que como, sei também que fica muito mais em conta); o telemóvel (que até então os gastos eram mínimos e agora já começa a ser uma necessidade aderir a um outro tarifário, mais caro por sinal). 

Para além de tudo isto, nenhuma empresa que contrata um trabalhador independete como eu, nos diz inicialmente que por sermos trabalhadores independetes que temos um horário fixo e preferencialmente a full-time (algo que contraria em tudo aquilo que é um trabalhador independente). Assim que fazemos parte da empresa e passamos a ser seus colaboradores, as exigências começam logo a surgir: "-Tens de trabalhar pelo menos 8 horas por dia para que consigas ter sucesso nesta carreira." (gostava de saber como é que alguém é capaz de estar 8 horas por dia dentro de uma empresa, a aumentar drásticamente o lucro da mesma e no fim de contas a receber apenas 1 hora de trabalho nesse dia, inacreditável não é?)

Sem dúvida alguma que ser trabalhador independente trás os seus prós e contras, mas actualmente parece-me trazer muitos mais contras do que prós. Nós fartamo-nos de trabalhar pelo bem da empresa, damos o litro e a cara por eles, mas no fim de contas, nem sempre sentimos que fomos devidamente gratificados ou não nos dão o devido crédito pelo nosso esforço e dedicação.

Hoje ser trabalhor independente é na verdade ser um pequeno "escravo" da/s empresa/s. Trabalhos para aquecer na maioria das vezes e nem para enriquecer o currículum serve actualmente.

Aqui fica um pequeno desabafo!



Um abraço,

O gordo

O Gordo tem nome

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