A nossa verdadeira amiga!



Hoje decidi falar sobre algo que, durante grande parte da minha vida me aterrorizou. Causava-me arrepios com aquele ar tão austero e frio. Era bem capaz de se encontrar destacada logo no topo da minha lista negra, caso tivesse uma. Estou a falar da temível e assustadora BALANÇA!

Atormentou-me durante toda a infância com o seu julgamento e números demasiado altos para tão tenra idade (mais altos do que a minha mesada). Sim porque aos 11 anos já tinha uns consideráveis 85kg e creio que poucos de nós se podiam dar ao luxo de receber essa valor em dinheiro.

Com o passar dos anos fui-me apercebendo que afinal a tão temível criatura não passava de uma simples máquina incompreendida pelo comum mortal (particularmente os que viviam acima do peso). Na verdade ela estava programada para nos dizer a verdade, crua e sem rodeios. Era incapaz de fazer perder o meu tempo contando-me histórias de encantar, enrolando, adiando e evitando dizer-me aquilo que no fundo eu próprio já sabia (era GORDO). Ela sempre foi directa, objetiva e acima de tudo, SINCERA. Nunca me mentiu, atraiçoou ou pregou partidas durante os nossos curtos (e intensos) encontros.

Todos os números que ela me atirou ao longo destes anos foram na verdade o resultado de todos os meus comportamentos alimentares (bons, maus, e alguns deles alarmantes). Ela esteve do meu lado nos momentos desoladores, mas também nos momentos de glória. Hoje não vivo sem ela, ajuda-me a perceber em que ponto estou, alerta-me quando estou a fugir da minha meta e celebra comigo quando atinjo o objectivo estabelecido.

O ensinamento que ela me deu foi que não devemos ser reféns dos números que ela nos apresenta, nem ficar paralisados quando os mesmos não são os esperados. A balança apenas nos ajuda a perceber se o caminho que estamos a fazer é certo ou errado e que o que é verdadeiramente importante é a forma como nós nos sentimos com o número que ela nos apresenta. A essência da nossa felicidade reside na forma como lidamos com o nosso eu, com o mundo que nos rodeia e não apenas com os números que são impostos pela sociedade.

Actualmente ela vive livre, à vista de todos os olhares sendo tratada com muito respeito. Deixou para trás a escuridão do armário ou o canto escondido da casa de banho e já não precisa de se preocupar com as alergias (está sem ponta de pó à vista).

Qual é a vossa relação com esta máquina? Ainda vos atormenta ou também já superaram o medo?

Fico a aguardar as opiniões de todos vós, gordos, magros, em forma, amantes da balança digital ou inseparáveis da balança mecânica.

Até já,

O Gordo.



O Gordo tem nome

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